Olá,
Lanço aqui um texto meu antigo de que gosto muito.
Porquê? Como? Quando? Onde? O quê? Quem? Qual?
Nunca respostas. Sempre perguntas. Perguntas sem realmente procurar respostas.
Por que só as perguntas incluem os outros. Afirmações respondem aos outros. Afirmações são esperadas e não feitas. A não ser que peçam por elas. A não ser que haja alguém no mundo que as necessite. Se não, não.
Perto de uma resposta há sempre uma pergunta que foi feita. Ou há uma pergunta simplesmente. Uma pergunta sem resposta se o for. Uma pergunta que é revidada com outra, que é revidada com o silêncio que já é em si resposta.
Indagações são sempre novas, mesmo as velhas. Um cumprimento já é questão. O olhar já é questão. Existir já é questão. Questão de coragem, de força, de busca. Uma busca nunca é uma afirmação. Existir afirma as perguntas.
Sem elas não há nada. Questão de tempo perceber a necessidade que as respostas têm de existir enquanto campo para novas perguntas. Duas afirmações são diálogo. Uma afirmação seguida de uma negação também. Mas são perguntas que são existir. Por que há um objetivo maior atrás de todas elas. Há a necessidade de compartilhar. Há a necessidade de conectar. Com o outro, sempre com o outro. Para o outro? Ou para si mesmo? Talvez apenas com.
Muitas coisas silenciam perguntas. Mas elas existirem basta. Basta para preencher a necessidade de existir.
Sem essa coisa-outro não tem graça. E essa coisa-outro pressupõe perguntas. “Como vai?” é como dizer “como é ser você?”, “como é aí do lado de fora de mim?”, “por que é possível deste lado haver algo diferente daqui de dentro?”, “onde fica você?”, “quando é que você existiu primeiro?”, “o que é ser você?”, “quem é você?”, “o quê faz você ser você e eu ser eu?”, “que diferença faz sermos dois e não um só?”, “por que é possível eu entender que você não sou eu?”, “quer saber como é ser eu?”, “qual é esse nosso limite?”, “porque estamos perguntando?”...
Quais as perguntas, como são feitas, com que objetivo são feitas fazem parte do ser a si mesmo. Em busca de entender através do outro o que nos falta. Porque alguma coisa sempre falta. Felizmente falta, daí se pode ir buscá-las nas perguntas. Daí, não nos fechamos sobre nós mesmos. Porque não podemos.
O outro afirma a própria existência. As perguntas seguidas das respostas. O toque do outro no limite do que sou eu, que é meu corpo. Uma resposta às vezes é um toque. Um toque de acolhimento ou de recolher. O som da fala é um toque. Um toque que precede o toque físico, mas que não prescinde dele.
A voz, o som, a música entra pelo corpo do mesmo jeito que o calor do toque. E preenche uma falta, ajuda a existir e a continuar a busca. Por que precisamos perguntar quem nós somos ao outro? Por que ele saberia melhor do que nós?
E a carência de não ter um outro com a atenção voltada (ao menos parcialmente) para nós é uma carência? Ou é um sinal de saúde na busca de contorno?
O que fazer desta falta é uma pergunta. Quando ela chega todos são acionados a ajudar. “O que eu faço?”, “O que você acha que eu faço?”, “O que você faria no meu lugar?”. E ainda que nunca possamos realmente estar no lugar do outro, podemos ajudar. Podemos imaginar a partir do que o outro é como seria ser este outro. E podemos errar ao dizer a ele o que fazer. Só por que não somos ele. Mas só saber como faríamos lhe basta. Por que a pergunta foi antes “como é ser você?”. E a afirmação foi “eu te ajudo a ser você, mas só posso fazê-lo a partir de quem sou e nada mais”.
Esse limite não é transponível. Por isso existir dá angústia. A angústia é nunca ser possível uma compreensão total do outro. A angústia é não existir uma verdade que caiba a todos nós. A angústia é a missão eterna de perguntar, de decidir a partir do possível e não do certo. A tarefa é infinita e cansativa. E deve gerar prazer. Sem prazer não se continua indagando. Não se avança no questionário colossal da vida.
Um bicho não pergunta, mas ajuda a gente a formular questões. Só porque existe e não pergunta. Papo furado pensar nessas questões aqui sozinha. Tudo para perguntar mais para mim mesma e chegar ao outro com menos angústia e sabendo que ele não sabe como eu sou e que eu não sei quem ele é. E que nunca saberemos. E, por isso mesmo não paramos de tentar entender.
Por que só as perguntas incluem os outros. Afirmações respondem aos outros. Afirmações são esperadas e não feitas. A não ser que peçam por elas. A não ser que haja alguém no mundo que as necessite. Se não, não.
Perto de uma resposta há sempre uma pergunta que foi feita. Ou há uma pergunta simplesmente. Uma pergunta sem resposta se o for. Uma pergunta que é revidada com outra, que é revidada com o silêncio que já é em si resposta.
Indagações são sempre novas, mesmo as velhas. Um cumprimento já é questão. O olhar já é questão. Existir já é questão. Questão de coragem, de força, de busca. Uma busca nunca é uma afirmação. Existir afirma as perguntas.
Sem elas não há nada. Questão de tempo perceber a necessidade que as respostas têm de existir enquanto campo para novas perguntas. Duas afirmações são diálogo. Uma afirmação seguida de uma negação também. Mas são perguntas que são existir. Por que há um objetivo maior atrás de todas elas. Há a necessidade de compartilhar. Há a necessidade de conectar. Com o outro, sempre com o outro. Para o outro? Ou para si mesmo? Talvez apenas com.
Muitas coisas silenciam perguntas. Mas elas existirem basta. Basta para preencher a necessidade de existir.
Sem essa coisa-outro não tem graça. E essa coisa-outro pressupõe perguntas. “Como vai?” é como dizer “como é ser você?”, “como é aí do lado de fora de mim?”, “por que é possível deste lado haver algo diferente daqui de dentro?”, “onde fica você?”, “quando é que você existiu primeiro?”, “o que é ser você?”, “quem é você?”, “o quê faz você ser você e eu ser eu?”, “que diferença faz sermos dois e não um só?”, “por que é possível eu entender que você não sou eu?”, “quer saber como é ser eu?”, “qual é esse nosso limite?”, “porque estamos perguntando?”...
Quais as perguntas, como são feitas, com que objetivo são feitas fazem parte do ser a si mesmo. Em busca de entender através do outro o que nos falta. Porque alguma coisa sempre falta. Felizmente falta, daí se pode ir buscá-las nas perguntas. Daí, não nos fechamos sobre nós mesmos. Porque não podemos.
O outro afirma a própria existência. As perguntas seguidas das respostas. O toque do outro no limite do que sou eu, que é meu corpo. Uma resposta às vezes é um toque. Um toque de acolhimento ou de recolher. O som da fala é um toque. Um toque que precede o toque físico, mas que não prescinde dele.
A voz, o som, a música entra pelo corpo do mesmo jeito que o calor do toque. E preenche uma falta, ajuda a existir e a continuar a busca. Por que precisamos perguntar quem nós somos ao outro? Por que ele saberia melhor do que nós?
E a carência de não ter um outro com a atenção voltada (ao menos parcialmente) para nós é uma carência? Ou é um sinal de saúde na busca de contorno?
O que fazer desta falta é uma pergunta. Quando ela chega todos são acionados a ajudar. “O que eu faço?”, “O que você acha que eu faço?”, “O que você faria no meu lugar?”. E ainda que nunca possamos realmente estar no lugar do outro, podemos ajudar. Podemos imaginar a partir do que o outro é como seria ser este outro. E podemos errar ao dizer a ele o que fazer. Só por que não somos ele. Mas só saber como faríamos lhe basta. Por que a pergunta foi antes “como é ser você?”. E a afirmação foi “eu te ajudo a ser você, mas só posso fazê-lo a partir de quem sou e nada mais”.
Esse limite não é transponível. Por isso existir dá angústia. A angústia é nunca ser possível uma compreensão total do outro. A angústia é não existir uma verdade que caiba a todos nós. A angústia é a missão eterna de perguntar, de decidir a partir do possível e não do certo. A tarefa é infinita e cansativa. E deve gerar prazer. Sem prazer não se continua indagando. Não se avança no questionário colossal da vida.
Um bicho não pergunta, mas ajuda a gente a formular questões. Só porque existe e não pergunta. Papo furado pensar nessas questões aqui sozinha. Tudo para perguntar mais para mim mesma e chegar ao outro com menos angústia e sabendo que ele não sabe como eu sou e que eu não sei quem ele é. E que nunca saberemos. E, por isso mesmo não paramos de tentar entender.
Um abraço,
Carol
Show, Carol! Sabe que dá para bolar uma música muito boa com esse seu texto? Estilo rock. Topa?
ResponderExcluirOi Marcelo, fique a vontade para usar o conteúdo em sua canção! Depois me mostre? :) Um abraço!
ExcluirCombinado, mostrarei sim. Obrigado e abraço, Carol. :)
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