Olá,
Estudando sobre a educação
infantil, existe um texto muito interessante que trata sobre a chamada “Confusão
de línguas” entre o adulto e a criança, que realmente falam através de pontos
de vista absolutamente diferentes, por atravessarem contextos muito
particulares de vida, que estão distantes na forma como enxergam e compreendem o
mundo.
Pois bem, o que há de mais
rico na raça humana é a possibilidade de comunicação entre as pessoas. E essa é
ao mesmo tempo nossa maior vantagem e maior armadilha também.
Temos a impressão de que
falando comunicamos exatamente o que queremos dizer e na verdade não é possível
comunicar claramente, pois há sempre um ponto de vista do qual estamos falando
e outro que recebe aquelas palavras, de acordo com seus contextos, valores,
experiências próprias.
Não estou dizendo que a
comunicação não existe, mas afirmo com toda a certeza de que há sempre uma
confusão de linguagem, mesmo entre pessoas que se conhecem bem e que julgam
saber do que a outra pessoa está falando. De fato, nunca sabemos exatamente do
que a outra pessoa está falando.
Podemos tentar mostrar uma
interpretação daquilo que ouvimos, ou podemos puxar na nossa experiência de
vida e de conhecimento de mundo algo que se relacione ao que esta pessoa está
dizendo e assim, conseguimos nos colocar em seu lugar, ou trazê-la até onde estamos,
aproximando-nos um pouco uns dos outros.
Essa aproximação, real ou
imaginária, criada pela comunicação é a maior riqueza do ser humano, pois
podemos sentir e reviver situações e emoções, conhecendo coisas que não vivenciamos
diretamente, ampliando nossa potencialidade de compreensão de situações humanas
possíveis, gerando um saber maior, de empatia com situações diversas, de
crítica ao que nos é dado como verdade, e que pode ser repensado como apenas mais
um ponto de vista possível, dado o contexto de onde vem tal opinião ou
informação.
Acredito que haja uma
confusão de línguas entre adultos também, em todo e qualquer contexto, seja
familiar, social, de trabalho, amoroso. Não conseguimos entender plenamente o
outro. Não conseguimos nem enxergar plenamente o outro de forma a não projetar
nosso conteúdo interno nele. E tudo bem. Tudo bem, por que isso enriquece o
outro de algumas maneiras e tudo bem, por que existimos também por conta destas
projeções que foram feitas em nós, desde muito pequeninos, Às vezes até antes
de nascermos. Sem elas, não estaríamos vivos.
Porém, é importante se
lembrar que essas ideias que o outro coloca sobre nós não é o que nos define.
Essas coisas ajudam a conhecermos melhor o outro e a escolhermos se queremos ou
não este papel que nos é dado por ele. Se não quisermos, basta sair do papel,
mudar de posição na relação com o outro e, por consequência com si mesmo.
Vale lembrar que nem sempre
percebemos que o outro nos impõe um papel. Só percebemos quando há um incomodo
em agir e ser de uma dada maneira, que nos parece natural e a única possível.
A boa novidade é que não há apenas uma maneira possível de ser. Há sempre vários caminhos a escolher, mesmo quando
parece que não há alternativa. Se algo te incomoda em você mesmo, tente buscar
quando você começou a agir desta forma e quando isso passou a te incomodar e
esta será a dica mais preciosa para você começar a compreender porque age
desta forma e, mais importante, para quem age assim.
Se a resposta não for você
mesmo, está na hora de repensar se vale a pena sacrificar algo importante em
você por outra pessoa, que provavelmente não está sacrificando algo por você.
E, se ela também estiver, a relação está desequilibrada pelos dois lados.
Cuidem-se!
Cuidem-se!
Um abraço!
Carol