sábado, 23 de janeiro de 2016

Sobre procurar ajuda

Olá, 

Saindo de uma primeira entrevista com um paciente eu sempre sinto uma sensação muito especial de poder ter acesso as fragilidades maiores de alguém. Essa sensação, por mais que a situação possa ser considerada como corriqueira em nossa profissão, não me abandona. 

Nunca deixo de me emocionar, nem de me sentir de alguma forma privilegiada por ter sido escolhida por alguém para compartilhar esse segredo, essa intimidade mais profunda que é a dor dele.



Sempre saio um pouco inerte e anestesiada com a sensação de quase não respirar pela delicadeza que se faz necessária ao escutar pela primeira vez sobre esse lugar tão machucado, tão dolorido, tão escondido até do próprio paciente para si mesmo que  é o que costuma vir a tona numa primeira sessão.



As coisas que são ditas ali que podem parecer banais para muitos, para nós ali são matéria prima de reflexão e base para um mergulho profundo que será feito pelo paciente e onde nós terapeutas vamos junto, no minimo como um corrimão a apoiá-lo no processo e no máximo como um colete salva vidas em casos de emergência.

Agradeço sempre pela força destas pessoas que encaram pedir ajuda e escutar a si mesmas no meio da tormenta, que é normalmente quando elas nos procuram. Sentam ali e tem coragem de se escutar, de admitir estarem perdidos dentro de si mesmos e pedem um refúgio seguro para falar sobre si, para se olharem com mais detalhes, para olharem ao espelho finalmente num lugar protegido de sua vida cotidiana. 

Não é nada fácil tomar essa decisão e é por isso mesmo que nós, da área da psicologia, da psiquiatria e de outras formas de terapia ou de aconselhamento, devemos prezar sempre pela segurança emocional destas pessoas, pelo acolhimento e pela ética de não julgar de maneira alguma aquilo que ele traz, como um presente, para que possamos ajudá-lo a enxergar.

Meu respeito aos colegas que acolhem como eu estas pessoas em busca de si mesmas. E a estas pessoas corajosas que buscam a nossa ajuda, meu incentivo: vale a pena se encarar de frente e há boas pessoas por aí para ajudar! Não desistam!

Um abraço, 
Carol

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