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quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Sexualidade, abuso e respeito



Olá, 

Hoje eu quero falar sobre a sexualidade. Não sobre gênero, nem sobre machismo ou feminismo, mas sobre o corpo e suas marcas. 

Todos nós temos um corpo, sejamos homens ou mulheres, e nos relacionamos com o mundo através dele. Muitas são as marcas que podem afetar o corpo gerando uma relação boa ou ruim com o ele e com o corpo do outro. A sexualidade é o fruto destas marcas, destas experiências boas ou ruins e refletem diretamente na vida sexual de um adulto. 

No consultório é comum chegarem histórias de abuso sexual infantil ou mesmo de adultos. Um abuso pode ser real, através de uma invasão ao corpo do outro quando este nem entende o próprio corpo, quando é o caso de uma criança, ou quando não há o consentimento no caso de um adulto, mas ele também pode ser verbal, quando há uma insistente fala pejorativa sobre um aspecto do corpo de alguém, como em relação ao peso ou outro aspecto físico, por exemplo. 

Em todos os casos, a consequência é sempre muito grave para quem sofre, podendo ser fonte de sofrimento inesgotável, gerando depressão, isolamento, ideias ou atos suicidas, ou ainda, pode gerar um adulto ou crianças que também abusem de outras crianças ou adultos, alimentando o ciclo do abuso.

Não há muito o que se possa elaborar numa terapia quando uma criança sofre abuso e ela se sente culpada por isso pelo resto da vida. Mesmo sendo a vítima e não reproduzindo o comportamento depois. Elaborar os fatos vividos pode ser sentido como reviver as cenas que trazem vergonha, tristeza e sentimentos muito profundos e por isso a busca por tratamento acaba sendo evitada em muitos casos. 

De qualquer maneira, quando há a busca pelo tratamento, é possível sim haver uma reelaboração das experiências que pode trazer alívio e melhoras consideráveis na desorganização que uma experiência como esta pode causar.

O corpo de uma criança ou de um adolescente está em pleno descobrimento. O que devemos fazer em relação a isso é permitir que a criança conheça a si mesma, que explore seu próprio corpo e até o de amigos da mesma idade, mas orientando-os para que não haja uma relação de poder envolvida. Ninguém deve mandar em ninguém neste tipo de descoberta, ou seja, quem dá o limite do que pode ou não pode fazer é o dono do próprio corpo.

O nosso corpo é a nossa casa. Ele é sagrado e deve ser respeitado desde a mais tenra infância e depois seguir assim para sempre. O limite só quem pode colocar somos nós mesmos e a criança precisa aprender isso, pois não sabe lidar com seu corpo e mal o entende. Não há nenhuma outra regra a não ser o limite da igualdade. Não há igualdade alguma numa relação entre uma adulto e uma criança, por isso também não pode haver a sexualidade aí. 

Na experimentação entre duas crianças, assim como tudo que acontece com os pequenos, deve haver a supervisão de um adulto. Porém, como a sexualidade é um tema muito difícil para nós adultos, pois esbarra nas muitas marcas, tabus ou questões morais confusas e com nossos próprios conceitos de certo e errado, acabamos por deixar tudo meio confuso para os pequenos também. 

Não há receita em relação ao que fazer, pois depende da forma como cada adulto consegue lidar com a própria sexualidade, mas é importante sempre refletir e conversar com a criança de mente leve e aberta, pois eles não interpretam o mundo da mesma forma que nós, não tem as nossas marcas e nem as experiências boas ou ruins que tivemos. Cabe a nós permitir-lhes experimentar de forma segura e orientada, sem atropelar seu ritmo, nem dar informações demais antes de ouvir suas questões. 

Já em relação aos adultos, cujas marcas já estão aí estabelecidas e traçadas, cabe se questionar de onde elas vieram, se podem ser elaboradas novamente, se elas não estão pesadas demais e se ainda fazem sentido na vida sexual adulta. 

Não é possível eliminar uma marca despertada pela própria história corporal de cada um de nós. Mas é possível se manter aberto a perceber o próprio corpo e o corpo do outro com quem se relaciona de novas formas, sempre respeitando os mesmos limites dos pequenos: o da igualdade, do famoso "quando um não quer, dois não fazem", que apesar de ser um dito popular, nem sempre é o que acontece nas relações, mas é o que se deveria respeitar neste e em todos os aspectos de uma relação a dois. 

O respeito é a base. Sempre. E mesmo que o consentimento não seja verbal, o limite é simples. Basta ter a sensibilidade de não fazer com o outro o que você não gostaria que fizessem com você. 

Combinado?




sábado, 18 de janeiro de 2014

Toda tolerância é mais que bem-vinda

Olá, 

Transcrevo abaixo uma matéria na qual participei através de uma entrevista. 


Mesmo em situações desagradáveis, é importante manter-se calmo e não entrar
     em discussões desnecessárias  por: Maiara Ribeiro

Com grande frequência, vemos na TV ou nos jornais casos graves de discussões que acabam em agressões físicas e às vezes até em morte. No mês passado, por
exemplo, um motorista de ônibus foi preso no Rio de Janeiro por ter assassinado um
passageiro por conta de R$ 0,65 faltantes no valor da passagem. O motorista reclamou,
os dois começaram a discutir e o jovem de 21 anos acabou morto por dois tiros.
Este é apenas um dos diversos casos graves de intolerância que vemos por aí.
Em casos sérios ou não, é importante tentar manter a calma, praticar a tolerância e
a paciência. Se cada um fizer a sua parte, buscando evitar conflitos, o mundo será
um lugar melhor para se viver.

As causas da violência

O estresse da vida contemporânea eleva a irritação das pessoas. Mas, além disso, segundo a psicóloga Carolina Torres, os valores da sociedade têm mudado bastante. “Com
as políticas de privatização e a ampliação do poder de compra de alguns e não da maioria
da população, as pessoas têm valorizado cada vez mais o objeto, e os bens materiais
estão se sobrepondo ao valor dado às relações pessoais. Desta forma, o individualismo
crescente faz com que as pessoas mudem a própria caracterização do ser humano, dos
valores humanos. Nunca se falou tanto em direitos humanos e se praticou tão pouco”.

Maior incidência de famílias desorganizadas, crescimento das chamadas
doenças de ordem mental, forte estresse externo (trânsito, trabalho, impostos, etc),
baixa qualidade de vida e baixa espiritualização são alguns dos diversos fatores
que contribuem para que as pessoas se irritem facilmente e se tornem mais violentas,
aponta Rita Calegari, psicóloga de rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

Educação conta

“A educação, não apenas escolar, mas a de base familiar também – e, em muitos
casos, principalmente essa – tem grande influência no aprendizado da criança sobre
as negociações nas relações de todas as formas”, afirma Carolina.
As profissionais contam que a forma com que somos educados está diretamente
ligada a maneira com a qual nos comportamos diante de uma situação desagradável. 

Segundo Rita, quando na família as pessoas sabem conviver com as diferenças, valorizam o diálogo e o respeito e lidam de forma positiva com assuntos que geram polêmica, fica mais fácil ter um modelo de comportamento sadio diante de assuntos incômodos.
“Isso ocorre porque a tolerância é um comportamento aprendido na relação com o
outro e esse aprendizado nunca acaba, mas acompanha-nos no decorrer da vida.”

Ser paciente e tolerante é fundamental para resolver conflitos

Ser tolerante faz bem

A tolerância é a base da relação com o outro e, quando não existe, torna os
relacionamentos desgastantes. O ser humano é um ser social e o convívio com
o outro raramente é uma opção: convivemos na família, no transporte, na escola, no
trabalho, no lazer e nos serviços que a cidade oferece, conta Rita.

“A tolerância possibilita que o convívio com o outro transcorra de forma harmoniosa
e é claro que vez ou outra nós discutimos ou temos diferenças de opinião. Mesmo
assim, tolerar o outro é respeitar essas diferenças em uma atitude não violenta de
conviver em sociedade e de compreender que as pessoas não são obrigadas a ser ou
pensar como nós e que nós não somos os donos da verdade”, completa.

Além disso, “praticar a tolerância e a paciência é uma forma de melhorar a convivência
entre as pessoas, tornando a sociedade mais suportável”, completa Carolina.

A importância do diálogo O diálogo é, na maioria dos casos, a melhor
solução para não gerar um conflito ainda maior. “Mas nem sempre as pessoas se sentem
abertas para travar um diálogo de fato, pois para que ele ocorra é necessário escutar
o outro e aceitar que é possível ponderar sua opinião e até mudar de ideia”, opina Carolina.

Especialmente em situações que envolvem injustiça ou preconceito, é importante deixar
claro os seus argumentos, explicar-se – mas também é fundamental estar disponível para
ouvir o outro, e respeitar as opiniões dele.

Apesar disso, existem exceções, conta Rita Calegari. “Em alguns momentos é melhor
ignorar e deixar passar”. O trânsito é um bom exemplo disso. Se você abaixar o
vidro para falar com outro motorista sempre que for fechado, vai perder tempo e pode
gerar discussões desnecessárias. Releve. 

Ceder faz parte

Numa discussão é sempre necessário que alguém ceda para se chegar a um meio
termo, indica Rita. “Se cada parte ceder um pouquinho, é melhor ainda, pois dessa forma
nenhum dos lados se sentirá desmerecido”. ”O problema é quando é sempre a mesma
parte que cede acaba saindo perdendo, por querer se livrar de conflitos através desta
estratégia, não se colocando como principal”, afirma Carolina Torres. Por isso, é importante
haver uma flexibilidade neste sentido para que, quando a discussão não puder ser evitada,
uma parte diferente possa ceder. Dessa forma, ambos aprendem a lidar com a situação
e, quem sabe, até evitar futuros conflitos. 


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Um abraço,
Carol