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terça-feira, 5 de setembro de 2017

É de pequeno que se torce o pepino?

Olá, 

Como saber quando é o momento certo de interferir na formação de uma criança?

Como saber o que está certo ou errado num percurso de formação, da constituição da personalidade de alguém?

Me questiono isso sabendo não haver uma resposta, mas pensando o quanto é difícil seja para os pais, para os professores e para cuidadores de adolescentes, adultos e até idosos saber como desconstruir um conceito recebido de forma maciça da cultura ao nosso redor.

Tenho de dois lados pacientes adultos, adolescentes e alunos pequenos, bem pequenos, e que trazem questões diferentes até mim. Os pacientes, com suas queixas claras e definidas ou não e as crianças, com a demanda ampla de formação, de estarem em um grupo, de pertencerem a ele, de aprenderem alguns conteúdos específicos, entre eles, os valores da escola, que nesse caso, acredita em autonomia, em cooperação, em democracia, em construção coletiva de saberes de acordo com o interesse dos grupos. 

No caso do interesse dos grupos, fico aflita em como estes podem ser cada vez mais facilmente moldados pela mídia, pelos #trending topics do Twitter, Instagram, Facebook, YouTube, mesmo sendo tão pequenos, pela influência que os adultos, crianças mais velhas e adolescentes tem ao seu redor. 

Estamos conectados o tempo todo. Temos essa onda de influências acontecendo sem parar. E eles absorvem tanto ou mais do que nós o que pensam ser de importância.

Mas será que estamos atentos ao que tem importância. Quem está moldando o que acreditamos ser de importância? Somos nós mesmos? Estamos conseguindo olhar ao redor percebê-los, ou estamos apenas reproduzindo algo mecânico e não conseguindo ler nas entrelinhas, como já fomos capazes antes das informações virem mastigadas e ultra-especializadas e direcionadas ao "nosso" interesse, como tem sido a propaganda atualmente? 

Estamos conseguindo olhar o panorama geral das coisas? Ou estamos nós mesmos, adultos, responsáveis pela crítica, orientação e reflexão, também limitados pelas telas, redes sociais e agrados imediatistas?

Tenho muita aflição de perceber como, cada vez mais, não conseguimos ficar em silêncio, quietos, sem alguma proposta a ser desenvolvida imediatamente após a outra. Não há pausas, não há descanso do cérebro, do olhar, do corpo para não fazer nada.

Se isso simplesmente não for algo que gere uma geração de pessoas ansiosas (como a nossa já é), não sei o que mais pode ser.

A meditação, a concentração, o silêncio, os rituais de passagem entre momentos da rotina precisam ser revistos.

Mas será que ainda conseguimos?

Torcendo e precisando que sim.

Aceitando sugestões, também!

Um abraço, 
Carol