É muito comum em terapia trabalharmos as partes feridas dentro de nós mesmos, que não conseguimos curar com facilidade por termos marcas muito profundas e antigas relacionadas a situações de vida diversas.
A criança ferida dentro de nós pode afetar profundamente nossas decisões e a forma como nos vemos na vida adulta e, por isso, é tão importante cuidarmos dela, por mais estranho que isso possa parecer fora do contexto terapêutico.
O trabalho de partes que conheci através do psicólogo espanhol Mario Salvador, nos auxilia muito neste processo, pois dramatiza e atualiza essa necessidade que temos de nos reconectar com estas crianças internas que ainda estão atuando em nossa visão de nós mesmos e dos acontecimentos, gerando uma discrepância enorme entre nossa capacidade de elaboração na vida adulta e a que realmente fazemos.
O processo depende de mutia sintonia e acolhimento do terapeuta, mas é simples: num dado momento atual, se conseguimos alcançar uma situação traumática anterior, do passado, fazemos a sugestão de falar diretamente com a criança ferida daquele momento, como a elaboração e os recursos que temos na idade atual, adulta. Desta maneira há uma integração que ocorre, um acolhimento de si com si mesmo do passado, que parece algo simples, mas na sessão pode acontecer de forma muito intensa, com sensações corporais profundas e avassaladoras, por isso a necessidade de um terapeuta treinado na técnica para guiar, acompanhar e facilitar o processo de forma segura.
Fico encantada com as sessões em que o processamento acontece, pois os pacientes saem sempre muito diferentes na forma como percebem a sua relação com a situação traumática antes muito perturbadora.
Recomendo a busca por terapeutas que trabalhem com técnicas de reprocessamento de memórias, como o Brainspotting, que se relaciona com o trabalho de partes de forma intensa e integrativa.
Recomendo também a leitura ou busca por vídeos do psicólogo Mario Salvador, que explica de forma muito precisa este trabalho em sintonia como paciente.