terça-feira, 24 de julho de 2018

Sobre a peça "Rio Diversidade"

Olá pessoal,

Neste final de semana fui ao Sesc Paulista assistir ao espetáculo "Rio Diversidade". São cinco pequenas peças sobre o universo LGBT e suas complicações em diversos contextos. Todas as cena, ainda que passem a ideia de um diálogo, são feita em monólogos por cinco atores diferentes, além de ter uma travesti como narradora, que nos leva de uma cena a outra no espaço cênico que se movimenta.

A primeira cena foca e um caso verídico de um australiano que foi a primeira pessoa a ser juridicamente considerada "gerderless", ou seja, sem gênero definido. Uma atriz, vestida de terno, de aparecia andrógina nos mostra uma foto da pessoa em um tablet e conta as experiências pelas quais ele passa na vida, nascido como homem, se considerando transgênero e fazendo a transição completa, para depois não se sentir pertencente a nenhuma das duas possibilidades pelas quais passou.

Uma das cenas coloca o foco sobre a questão da lesbianidade reprimida por uma personagem cuja mãe era extremamente religiosa. Beirando a loucura, ela fala sobre a morte desta mãe e sobre tudo o que viveu de forma reprimida em sua própria mente, nunca conseguindo assumir seu próprio desejo.

Na cena seguinte, temos o conflito de um jovem michê, que se envolve com um homem mais velho, e acaba colocando nele toda a sua raiva e preconceito diante de gays mais velhos que buscam por ele. O caso descreve o caso verídico do irmão do dramaturgo Zé Celso Martinez Corrêa, mantendo inclusive a quantidade de facadas que aconteceu no caso. A cena é bastante explícita e forte, mesmo que com apenas um ator.

A cena seguinte é vivida por uma transexual gorda, que se auto intitula desta maneira. Fala sobre o duplo preconceito que passa por ser trans e gorda e faz algumas piadas de auto depreciação baseada no senso comum do preconceito com as duas características. Esta cena é a que mais se dirige ao público, já que ela fala com as pessoas, pede até que alguém da plateia tire uma foto dela em cena, oferece chocolates, etc.

Na última e mais complexa cena, a personagem principal é uma planta carnívora e sua metáfora do mundo das plantas se dá baseada na polinização e na sexualidade ambígua das flores que tem os dos órgãos sexuais em si mesma, mas que depende de polinizadores para procriação. Também faça sobre a monocultura que o home impõe, principalmente da soja e brinca com a questão dos transgênicos, em uma peça que gera ao redor da questão dos transgêneros.

Em uma gangorra entre o leve e o pesado, temas muito importantes são passados e fortalecem a reflexão crítica e o lugar de fala do universo LGBT, já que o elenco é constituído pela comunidade.

Não sei por onde passará o espetáculo que já se instalou em palcos, casarões, espaços diversos, mas se passar por onde você estiver, não perca a oportunidade de assistir. É transformadora a experiêcia!

Aqui a página do grupo, para quem quiser acompanhar: https://pt-br.facebook.com/riodiversidade/

Um abraço,
Carol

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