Olá,
Hoje vim falar sobre as relações entre as pessoas. Todos estamos nos relacionando o tempo inteiro: desde que nascemos pessoas cuidam de nós, pessoas nos formam, pessoas nos contratam, pessoas nos amam, amigos, familiares, colegas de trabalho, clientes, chefes, desconhecidos passam a ter espaço na nossa vida diária.
Muitas destas relações são na realidade pautadas por poucas relações, que são as nossas relações basais dentro de nossa família. Normalmente nossos pais, mães e irmãos, às vezes tios, avós, primos, colegas, madrastas ou padrastos, etc. São poucas pessoas que estão desde o começo ou quase isso, formatando conosco a ideia de uma relação, de nosso valor diante dele, de nosso potencial, e acreditamos profundamente que ali está não apenas o nosso espelho mais fiel, como também o nosso modelo de ser humano e nossa possibilidade de futuro, afinal somos fruto daqueles seres humanos que vieram antes de nós.
O que muitas vezes nos atrapalha é a impossibilidade de transformar depois de adultos estes padrões de relacionamento que nem sempre é o melhor para nós. É claro que admiramos coisas nestas pessoas que nos criaram e que nos apoiam incondicionalmente e o amor por elas é quase inabalável quando elas estiveram ou estão presentes.
Este amor profundo e muitas vezes gratidão que sentimos não pode, por outro lado, nos impedir de perceber padrões de relacionamento que nos atrapalham, como uma posição infantilizada em relação a uma figura materna ou paterna que depois da vida adulta não faz mais sentido, dado que ambos agora são adultos, por exemplo.
É preciso atualizar os padrões para uma forma mais equilibrada, para que ambos possam ganhar cada vez mais com esta relação. Uma figura materna ou paterna vai dar conselhos e supor que a geração deles teve as respostas mais corretas a um problema. Mas a nossa geração que vem aí conhece ferramentas novas e um mundo novo que pode ser traduzido de outras formas.
É preciso atualizar os vínculos e relembrar que a possibilidade de aprendizado não se encerra dos mais velhos aos mais novos e sim que pode se dar em qualquer direção e de formas muito inesperadas e nada tradicionais.
E é preciso estar atento e forte para perceber o que nos faz bem e o que nos faz mal em cada relação viciada e repetitiva com um ente querido, atualizando estas obrigações e relativizando o peso que recebemos deles e que NÃO É NOSSO!!
Minha dica é devolver a eles todos os "pacotes" que eles nos entregam com suas expectativas para o que querem que sejamos, do que esperam de nós, seus medos que projetam na gente e tudo o mais que não é de fato nosso, mas que pensamos ser, por conta dessa intensa relação intergeracional que se pretende cópia do pai e da mãe, ou pior, arremedo da frustração deles. Não somos isso. Somos seres únicos, com influências genéticas, biológicas, afetivas, de valores, mas que nós interpretamos e sentimos no nosso contexto único de história que faz parte da deles, mas que NÃO É a deles.
Vamos devolver a responsabilidade a cada um deles, pois carregar pacotes que não são nossos é a pior coisa que podemos fazer. Pesa, atrapalha e impede que façamos as nossas escolhas do que queremos ser, viver, aprender, com quem nos relacionar e como nos desenvolver para o nosso potencial maior e melhor.
Vamos tentar analisar o que é nosso e o que não é? E devolver a eles o que é deles? Sem raiva ou ressentimento, apenas com a honestidade de perceber o que é seu e o que é do outro?
Não é fácil, eu sei! Mas certamente fará a sua caminhada a diante extremamente mais leve! E até suas relações com estas pessoas mais ricas e com trocas reais possíveis!
Boa sorte na tentativa!
Carol
Texto muito interessante e que vale para todas as fases da vida e diferentes tipos de relação. Belo trabalho.
ResponderExcluirConcordo com vc! Um abraço!
ExcluirMuito bom, Carol. Todos nós precisamos refletir sobre isso.
ResponderExcluirSim! É importante tentar se distanciar um pouco do que parece "dado", não é? Beijo! :)
ExcluirMuito bom o texto...
ResponderExcluirObrigada, Godói! Um abraço!
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