Olá,
Transcrevo abaixo uma matéria na qual participei através de uma entrevista.
Com grande frequência, vemos na TV ou nos jornais casos graves de discussões que acabam em agressões físicas e às vezes até em morte. No mês passado, por
exemplo, um motorista de ônibus foi preso no Rio de Janeiro por ter assassinado um
passageiro por conta de R$ 0,65 faltantes no valor da passagem. O motorista reclamou,
os dois começaram a discutir e o jovem de 21 anos acabou morto por dois tiros.
Este é apenas um dos diversos casos graves de intolerância que vemos por aí.
Em casos sérios ou não, é importante tentar manter a calma, praticar a tolerância e
a paciência. Se cada um fizer a sua parte, buscando evitar conflitos, o mundo será
um lugar melhor para se viver.
As causas da violência
O estresse da vida contemporânea eleva a irritação das pessoas. Mas, além disso, segundo a psicóloga Carolina Torres, os valores da sociedade têm mudado bastante. “Com
as políticas de privatização e a ampliação do poder de compra de alguns e não da maioria
da população, as pessoas têm valorizado cada vez mais o objeto, e os bens materiais
estão se sobrepondo ao valor dado às relações pessoais. Desta forma, o individualismo
crescente faz com que as pessoas mudem a própria caracterização do ser humano, dos
valores humanos. Nunca se falou tanto em direitos humanos e se praticou tão pouco”.
Maior incidência de famílias desorganizadas, crescimento das chamadas
doenças de ordem mental, forte estresse externo (trânsito, trabalho, impostos, etc),
baixa qualidade de vida e baixa espiritualização são alguns dos diversos fatores
que contribuem para que as pessoas se irritem facilmente e se tornem mais violentas,
aponta Rita Calegari, psicóloga de rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
Educação conta
“A educação, não apenas escolar, mas a de base familiar também – e, em muitos
casos, principalmente essa – tem grande influência no aprendizado da criança sobre
as negociações nas relações de todas as formas”, afirma Carolina.
As profissionais contam que a forma com que somos educados está diretamente
ligada a maneira com a qual nos comportamos diante de uma situação desagradável.
Segundo Rita, quando na família as pessoas sabem conviver com as diferenças, valorizam o diálogo e o respeito e lidam de forma positiva com assuntos que geram polêmica, fica mais fácil ter um modelo de comportamento sadio diante de assuntos incômodos.
“Isso ocorre porque a tolerância é um comportamento aprendido na relação com o
outro e esse aprendizado nunca acaba, mas acompanha-nos no decorrer da vida.”
Ser paciente e tolerante é fundamental para resolver conflitos
Ser tolerante faz bem
A tolerância é a base da relação com o outro e, quando não existe, torna os
relacionamentos desgastantes. O ser humano é um ser social e o convívio com
o outro raramente é uma opção: convivemos na família, no transporte, na escola, no
trabalho, no lazer e nos serviços que a cidade oferece, conta Rita.
“A tolerância possibilita que o convívio com o outro transcorra de forma harmoniosa
e é claro que vez ou outra nós discutimos ou temos diferenças de opinião. Mesmo
assim, tolerar o outro é respeitar essas diferenças em uma atitude não violenta de
conviver em sociedade e de compreender que as pessoas não são obrigadas a ser ou
pensar como nós e que nós não somos os donos da verdade”, completa.
Além disso, “praticar a tolerância e a paciência é uma forma de melhorar a convivência
entre as pessoas, tornando a sociedade mais suportável”, completa Carolina.
A importância do diálogo O diálogo é, na maioria dos casos, a melhor
solução para não gerar um conflito ainda maior. “Mas nem sempre as pessoas se sentem
abertas para travar um diálogo de fato, pois para que ele ocorra é necessário escutar
o outro e aceitar que é possível ponderar sua opinião e até mudar de ideia”, opina Carolina.
Especialmente em situações que envolvem injustiça ou preconceito, é importante deixar
claro os seus argumentos, explicar-se – mas também é fundamental estar disponível para
ouvir o outro, e respeitar as opiniões dele.
Apesar disso, existem exceções, conta Rita Calegari. “Em alguns momentos é melhor
ignorar e deixar passar”. O trânsito é um bom exemplo disso. Se você abaixar o
vidro para falar com outro motorista sempre que for fechado, vai perder tempo e pode
gerar discussões desnecessárias. Releve.
Ceder faz parte
Numa discussão é sempre necessário que alguém ceda para se chegar a um meio
termo, indica Rita. “Se cada parte ceder um pouquinho, é melhor ainda, pois dessa forma
nenhum dos lados se sentirá desmerecido”. ”O problema é quando é sempre a mesma
parte que cede acaba saindo perdendo, por querer se livrar de conflitos através desta
estratégia, não se colocando como principal”, afirma Carolina Torres. Por isso, é importante
haver uma flexibilidade neste sentido para que, quando a discussão não puder ser evitada,
uma parte diferente possa ceder. Dessa forma, ambos aprendem a lidar com a situação
e, quem sabe, até evitar futuros conflitos.
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Um abraço,
Carol
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