Olá,
Nesta semana venho pensando muito na questão da timidez e na dificuldade que algumas pessoas tem de se relacionar e que acaba tornam-as isoladas e solitárias, gerando muito sofrimento e até, em alguns casos, traços depressivos.
A timidez é um traço complexo da personalidade de uma pessoa. Todos nós temos momentos de timidez, vergonha, ou embaraço diante de uma situação em que nos sentimos inseguros ou despreparados para enfrentar.
Acontece com mais frequência com pessoas mais sensíveis a opinião dos outros sobre elas. Há uma fantasia sobre si mesmo de ser insuficiente, desinteressante, de não ter o que dizer ao outro que possa interessá-lo que afasta as pessoas dos vínculos sociais.
Essa fantasia surge de uma posição de colocar sempre as outras pessoas acima de si mesmo, imaginando que todos são mais bem resolvidos, seguros, interessantes e que não terão motivos para querer conversar com a pessoa que se sente tão pouco.
Há duas crenças básicas que limitam as pessoas a se abrirem para se relacionar: a de achar que poderão ser criticados ou depreciados pelo outro (publicamente ou não) e a de sentir que se abrir algo de seu universo pessoal ao outro isso as tornará vulneráveis e frágeis e que deste modo certamente sofrerão.
O medo de sofrer críticas ou rejeições as paralisa completamente. Pois bem, não há de maneira nenhuma, uma forma de prever a reação do outro ao que iremos dizer. Mas, se não nos relacionarmos, nunca saberemos se o outro nos valorizará ou não.
Sem nos colocar perdemos a possibilidade de fazer laços e de trocar com o outro, percebendo assim que ele também tem seus medos, inseguranças, momentos de timidez e que se coloca vulnerável em nossa frente apenas no limite em que ele aguenta.
Não é possível a uma pessoa com traços de timidez se abrir completamente, confiar e se jogar numa relação expondo toda a sua fragilidade ao outro num primeiro momento. Mas existem etapas possíveis de se chegar ao outro, sem se machucar tanto, se protegendo.
Por exemplo, para alguém que não consegue nem ao menos trocar olhares cordiais com colegas de trabalho, de escola ou mesmo no ambiente familiar ou entre amigos, o exercício de trocar olhares ou mesmo de cumprimentar o outro já abre a possibilidade de o outro vir conversar. A principio podemos apenas ouvir, atentamente, dando sinais de interesse, sem precisar colocar a opinião ou falar sobre algo pessoal. É possível iniciar o contato através de trocas de assuntos amenos que podem ir amaciando uma possibilidade menos intensa de troca para pelo menos ir amenizando a sensação de isolamento total, que gera muito sofrimento.
É claro que em casos muito intensos de isolamento isso é difícil e a iniciativa deve vir junto com com um trabalho de valorização de si mesmo para que estas crenças limitantes que fazem a pessoa se sentir tão mal sejam trabalhadas e revertidas em possibilidade de reconhecimento das próprias qualidades e características positivas, sem tanta auto-crítica e auto-depreciação. É esta auto crítica ferrenha que vai ser projetada no outro que se torna tão ameaçador que é impossível de encarar.
Quando gostamos um pouco mais do que somos e reconhecemos estas coisas que temos para trocar, também podemos olhar com mais clareza para o outro e com menos medo, pois ele é nada pior e nem melhor do que nós mesmos, é apenas outro. E ele também não está tão preocupado assim com o que somos, pois está na mesma caminhada de tentar viver bem com o que ele é, se é que ele sabe exatamente o que é, pois estamos todos um pouco perdidos, tentando descobrir isso e, portanto, menos preocupados em espezinhar onde o outro está em seu próprio caminho do que parece para quem está de fora.
Vale lembrar que é justamente a vulnerabilidade compartilhada que possibilita laços verdadeiros e satisfatórios, pois só assim é que podemos nos conectar de verdade com as pessoas. E esta conexão quando é real e recíproca traz muita satisfação, talvez a maior satisfação que exista, na minha opinião!
Olhe ao redor, sem medo, e você verá exatamente isso. Gente tentando se encontrar e não aplicada em te ajudar a se perder, como parece nitidamente para alguns de nós.
Vamos tentar?
Um abraço,
Carol
Oi Zelda, a ideia é poder tocar as pessoas, mesmo! Se fez refletir já valeu a pena! Beijo!
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