segunda-feira, 18 de novembro de 2024

A sutileza no trabalho com o autismo


A abordagem de trabalho com autismo exige uma profunda sensibilidade e uma compreensão única das necessidades e capacidades individuais de cada criança. 
A sutileza e a empatia são os pilares para um trabalho eficaz e humano com autismo severo.

O autismo, que pode incluir dificuldades significativas de comunicação, comportamentos repetitivos e limitações na interação social. Enfatize que, no autismo, os desafios podem ser mais intensos, exigindo suporte contínuo e específico.

Para trabalhar com crianças no espectro, a leitura dos sinais não verbais é fundamental. Muitas dessas crianças têm dificuldades em expressar verbalmente suas emoções e necessidades, então o profissional precisa observar sinais como expressões faciais, linguagem corporal e pequenas mudanças comportamentais para entender o que a criança está tentando comunicar.

A personalização é a chave para o sucesso das intervenções. Cada criança responde de maneira única, então é fundamental que o profissional adote abordagens flexíveis, adaptando o ambiente e as atividades conforme necessário. A prática de criar atividades individualizadas que possam captar o interesse e trabalhar as habilidades da criança é essencial.

Crianças com autismo beneficiam-se de ambientes estruturados, com rotinas claras e previsíveis. O uso de suportes visuais, como agendas com imagens ou ícones, ajuda a estabelecer uma sensação de segurança, além de proporcionar previsibilidade ao dia a dia.

Evitar estímulos excessivos é crucial. Profissionais precisam estar atentos para não sobrecarregar a criança com estímulos visuais, sonoros ou táteis que possam desencadear crises de ansiedade ou estresse. Intervenções sutis, respeitando o tempo da criança e seus limites, ajudam a criar um ambiente acolhedor e calmo.

Para crianças que possuem limitações na comunicação verbal, ferramentas como a Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA), que incluem gestos, sinais ou aplicativos de comunicação, são fundamentais. Esse tipo de intervenção permite que a criança possa se expressar de maneira alternativa e desenvolve sua autonomia.

Envolver a família no processo é vital. Os familiares são as pessoas que mais conhecem a criança, e suas observações e insights são fundamentais para que os profissionais ajustem as abordagens de forma adequada.

A paciência e o respeito pelo tempo da criança são essenciais no trabalho com o autismo. Isso implica não apenas entender os interesses e os focos de atenção da criança, mas também valorizá-los como ponto de partida para o desenvolvimento de atividades e interações.

Trabalhar com autismo exige muito dos profissionais, e cuidar da própria saúde mental é tão importante quanto cuidar das crianças. Práticas de autocuidado e busca por suporte emocional podem fazer a diferença na qualidade do atendimento oferecido.



quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Pacto da Branquitude de Cida Bento


O conceito de "Pacto da Branquitude", desenvolvido pela psicóloga e pesquisadora brasileira Cida Bento, refere-se ao conjunto de normas, comportamentos e dinâmicas que mantêm privilégios e exclusões baseados na cor da pele, especialmente em sociedades estruturalmente racistas como o Brasil. Cida Bento, ao abordar o "pacto da branquitude", aponta como pessoas brancas (conscientemente ou não) tendem a se beneficiar de privilégios sociais, econômicos e culturais em detrimento de pessoas negras e outras minorias raciais. Esse pacto é perpetuado através de práticas institucionais, culturais e interpessoais que sustentam a posição de poder da branquitude.

Principais Aspectos do "Pacto da Branquitude"

1. Invisibilidade e Negação do Racismo

A branquitude, enquanto estrutura, muitas vezes nega a existência de racismo ou minimiza seus impactos. Esse pacto atua para manter o racismo estrutural invisível, dificultando que a sociedade, especialmente pessoas brancas, reconheçam e confrontem o sistema que os beneficia.

2. Naturalização de Privilégios

O pacto envolve a naturalização dos privilégios concedidos a pessoas brancas. As oportunidades sociais, econômicas e educacionais são frequentemente mais acessíveis para brancos, sem que isso seja explicitamente percebido como um favorecimento.

3. Manutenção do Status Quo Institucional

Instituições como escolas, empresas e governos participam da perpetuação desse pacto, muitas vezes reproduzindo práticas discriminatórias ou negligenciando a necessidade de políticas de inclusão e equidade racial.

4. Silenciamento e Omissão em Relação às Questões Raciais

O pacto da branquitude também envolve o silêncio ou omissão de pessoas brancas frente a episódios de racismo. Esse silêncio atua como uma forma de conivência que perpetua a exclusão e impede mudanças significativas.

5. Responsabilidade Conjunta para a Transformação

Cida Bento propõe que reconhecer e romper com o pacto da branquitude é um passo essencial para a construção de uma sociedade justa e igualitária. Ela defende que pessoas brancas têm a responsabilidade de reconhecer seus privilégios e atuar ativamente contra o racismo, tanto em ações individuais quanto em políticas institucionais.

Importância do Conceito para o Debate Racial no Brasil

O "Pacto da Branquitude" trouxe à tona discussões fundamentais sobre o papel das pessoas brancas no combate ao racismo. Ao introduzir esse conceito, Cida Bento revela como os privilégios de brancos operam de maneira estrutural e contribuem para a manutenção de desigualdades raciais profundas. Esse entendimento é essencial para o desenvolvimento de políticas e práticas antirracistas em todas as esferas da sociedade, promovendo um debate mais profundo sobre os efeitos do racismo e a necessidade de uma transformação coletiva.

A obra e os estudos de Cida Bento inspiram ações para desconstruir o pacto da branquitude e buscam engajar a sociedade brasileira em um compromisso com a equidade racial, por meio de políticas de inclusão e do reconhecimento do impacto da história colonial e escravocrata do país.

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Mark Grixti: Brainspotting com crianças e adolescentes


Mark Grixti é um terapeuta britânico especializado no uso de Brainspotting com crianças e adolescentes. Brainspotting é uma abordagem terapêutica desenvolvida por David Grand, que explora a conexão entre o cérebro e os olhos para identificar e liberar traumas armazenados no corpo. A técnica utiliza o foco ocular para acessar e processar memórias emocionais profundas, funcionando como uma ferramenta eficaz para lidar com questões como trauma, ansiedade, depressão e dificuldades comportamentais.

Grixti adaptou essa abordagem para trabalhar de forma lúdica e eficaz com jovens, usando uma linguagem acessível e criando um ambiente acolhedor e seguro. Sua metodologia com crianças e adolescentes envolve técnicas interativas e criativas, permitindo que eles se sintam mais confortáveis e envolvidos no processo terapêutico. Ele utiliza, por exemplo, elementos como histórias, brincadeiras, bonecos e jogos para facilitar a conexão emocional e ajudar a acessar pontos sensíveis.

Principais Aspectos do Trabalho de Mark Grixti com Brainspotting em Jovens:

1. Adaptação Lúdica e Criativa

Mark Grixti entende a importância de um ambiente acolhedor para que crianças e adolescentes se sintam à vontade. Ele utiliza objetos e atividades familiares para tornar a terapia acessível e reduzir possíveis resistências.

2. Processamento de Trauma e Emoções Profundas

Brainspotting ajuda crianças e adolescentes a lidarem com traumas que talvez não consigam expressar verbalmente, permitindo o processamento e a liberação de emoções difíceis que muitas vezes são “guardadas” no corpo.

3. Regulação Emocional e Comportamental

A técnica contribui para a regulação emocional, ajudando a diminuir sintomas de ansiedade e agitação, comuns em crianças e adolescentes, especialmente em contextos pós-traumáticos. Isso resulta em comportamentos mais equilibrados e uma melhor relação com as próprias emoções.

4. Foco na Neuroplasticidade e Desenvolvimento Cerebral

O uso de Brainspotting com jovens leva em conta a neuroplasticidade (a capacidade do cérebro de se adaptar e reorganizar) e o fato de que o cérebro de crianças e adolescentes está em constante desenvolvimento. Grixti utiliza a técnica para promover caminhos cerebrais saudáveis e fortalecer o autocontrole e a resiliência emocional.

5. Envolvimento dos Pais e Cuidadores

Grixti enfatiza a importância de incluir os pais ou cuidadores no processo terapêutico. Ele fornece orientações para que eles possam apoiar o desenvolvimento emocional da criança ou adolescente fora da terapia, reforçando o aprendizado e a recuperação em casa.

6. Apoio a Crianças e Adolescentes em Situações Específicas

A abordagem de Grixti é aplicada a específicas, como traumas por bullying, luto, divórcio dos pais, transtornos de ansiedade e depressão, entre outras situações difíceis.

O trabalho de Mark Grixti com Brainspotting em crianças e adolescentes é amplamente reconhecido por proporcionar um espaço seguro para que jovens possam explorar e processar experiências difíceis de maneira suave, integrativa e com grande potencial de cura.