segunda-feira, 20 de junho de 2016

Quando trabalhei com T.O.C., os transtornos obsessivo-compulsivos



Olá, 

pensando em temas para escrever por aqui, me lembrei de um estágio que fiz no primeiro ano da faculdade no PROTOC, o ambulatório de estudos e tratamento do Transtorno Obsessivo Compulsivo no Hospital das Clínicas, da USP. 

Na época, um amigo meu de classe estava saindo do estágio e precisava de uma pessoa para indicar à vaga e me convidou. Na época, eu ainda estava engatinhando no conhecimento sobre psicologia, não havia feito nenhum estágio e queria muito por a mão na massa. Além disso, por coincidência, uma tia minha, psiquiatra, trabalhava em dupla com o chefe do Serviço em algumas pesquisas e achou a ideia muito animadora. 

Pois bem, fui eu começar a trabalhar na rotina de um centro de pesquisa, conhecer os manuais de transtornos psiquiátricos e começar a entender que existiam nomes para todo o tipo de distúrbio possível e imaginável no comportamento e nos afetos humanos, tudo detalhado a exaustão nas diversas categorias e subcategorias dos manuais. A pesquisadora querida com quem trabalhei brevemente no período em que fiquei por lá, me mostrava e explicava tudo, dando ênfase ao capítulo sobre os transtornos de ansiedade, em especial os obsessivos compulsivos, sobre os quais eu precisaria entender bem para ajudá-la com as entrevistas.

Entrevistas? Sim! Entrevistas. Eu não estava em nada pronta para isso e não eram entrevistas com a população dali do hospital e sim viagens ao interior de São para visitar pessoas com casos muito graves em suas residências, pois eles não conseguiam ir ao hospital. Era um atendimento domiciliar, com entrevistas padronizadas pelo manual no ambiente em que as pessoas moravam. 

Fiz apenas uma destas viagens. Eu era primeiro anista e não tinha nem ao menos feito um treino de entrevista na clínica da faculdade e a vulnerabilidade daquelas pessoas me pegou muito fundo e não tive coragem de seguir trabalhando ali, pois não iria conseguir ajudar. Não ainda. 

Dei algumas desculpas, como o excesso de matéria para estudar na faculdade, ou a falta de interesse pela abordagem que a psicóloga que trabalhava comigo utilizava em sua pesquisa, que era a Cognitivo Comportamental, mas hoje, sei que não era nada disso. Era a angústia de lidar pela primeira vez com algo tão delicado quanto o sofrimento humano. Sofrimento grave, de pessoas em situações muito vulneráveis social e mentalmente. 

O transtorno em si se baseia em comportamentos e pensamentos associados que em teoria ajudam a pessoa a se "livrar" de uma ansiedade muito intensa, mas que na verdade, quando muito intensos, acabam por impossibilitar que a pessoa exerça suas funções mais básicas, pois podem tomar totalmente conta de sua mente e de seu tempo diário. E com isso eu não conseguia lidar ainda. E talvez ainda não possa até hoje, pelo menos não sem a parceria de um bom psiquiatra que dialogue comigo. 

Esse curto período de tempo me serviu para ver muito rápido com o que eu estava indo mexer. Que a coisa era séria e que não seria nada fácil ver tudo o que a mente humana era capaz de fazer com si mesma. 

Certamente me abriu para ser mais cuidadosa e acolhedora com os caso que chegassem até mim!

Indico ainda hoje o PROTOC, aqui em São Paulo, referência absoluta em tratamento e pesquisa sobre o tema. Para entrar em contato com o PROTOC  ligue para (11) 2661-6972. 

E peço a todos que tenham algum conhecido com sintomas de pensamentos, comportamentos obsessivos, ou ambos, que tenham paciência e que busquem a ajuda especializada para que a pessoa possa ter chance se encontrar terapia adequada, medicamentosa, de apoio social, de grupos de acolhimento que a façam diminuir essa angustia tão profunda que o transtorno causa!

Cuidem-se!

Um abraço, 
Carol


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