quarta-feira, 18 de maio de 2016

Confusão de línguas entre as pessoas


Olá, 

Estudando sobre a educação infantil, existe um texto muito interessante que trata sobre a chamada “Confusão de línguas” entre o adulto e a criança, que realmente falam através de pontos de vista absolutamente diferentes, por atravessarem contextos muito particulares de vida, que estão distantes na forma como enxergam e compreendem o mundo.

Pois bem, o que há de mais rico na raça humana é a possibilidade de comunicação entre as pessoas. E essa é ao mesmo tempo nossa maior vantagem e maior armadilha também.

Temos a impressão de que falando comunicamos exatamente o que queremos dizer e na verdade não é possível comunicar claramente, pois há sempre um ponto de vista do qual estamos falando e outro que recebe aquelas palavras, de acordo com seus contextos, valores, experiências próprias.

Não estou dizendo que a comunicação não existe, mas afirmo com toda a certeza de que há sempre uma confusão de linguagem, mesmo entre pessoas que se conhecem bem e que julgam saber do que a outra pessoa está falando. De fato, nunca sabemos exatamente do que a outra pessoa está falando.

Podemos tentar mostrar uma interpretação daquilo que ouvimos, ou podemos puxar na nossa experiência de vida e de conhecimento de mundo algo que se relacione ao que esta pessoa está dizendo e assim, conseguimos nos colocar em seu lugar, ou trazê-la até onde estamos, aproximando-nos um pouco uns dos outros.

Essa aproximação, real ou imaginária, criada pela comunicação é a maior riqueza do ser humano, pois podemos sentir e reviver situações e emoções, conhecendo coisas que não vivenciamos diretamente, ampliando nossa potencialidade de compreensão de situações humanas possíveis, gerando um saber maior, de empatia com situações diversas, de crítica ao que nos é dado como verdade, e que pode ser repensado como apenas mais um ponto de vista possível, dado o contexto de onde vem tal opinião ou informação.

Acredito que haja uma confusão de línguas entre adultos também, em todo e qualquer contexto, seja familiar, social, de trabalho, amoroso. Não conseguimos entender plenamente o outro. Não conseguimos nem enxergar plenamente o outro de forma a não projetar nosso conteúdo interno nele. E tudo bem. Tudo bem, por que isso enriquece o outro de algumas maneiras e tudo bem, por que existimos também por conta destas projeções que foram feitas em nós, desde muito pequeninos, Às vezes até antes de nascermos. Sem elas, não estaríamos vivos.

Porém, é importante se lembrar que essas ideias que o outro coloca sobre nós não é o que nos define. Essas coisas ajudam a conhecermos melhor o outro e a escolhermos se queremos ou não este papel que nos é dado por ele. Se não quisermos, basta sair do papel, mudar de posição na relação com o outro e, por consequência com si mesmo.

Vale lembrar que nem sempre percebemos que o outro nos impõe um papel. Só percebemos quando há um incomodo em agir e ser de uma dada maneira, que nos parece natural e a única possível.

A boa novidade é que não há apenas uma maneira possível de ser. Há sempre vários caminhos a escolher, mesmo quando parece que não há alternativa. Se algo te incomoda em você mesmo, tente buscar quando você começou a agir desta forma e quando isso passou a te incomodar e esta será a dica mais preciosa para você começar a compreender porque age desta forma e, mais importante, para quem age assim.

Se a resposta não for você mesmo, está na hora de repensar se vale a pena sacrificar algo importante em você por outra pessoa, que provavelmente não está sacrificando algo por você. E, se ela também estiver, a relação está desequilibrada pelos dois lados. 

Cuidem-se!

Um abraço!
Carol