quarta-feira, 28 de outubro de 2015

A carne é fraca

Olá, 

Nestes últimos 21 dias estive em uma missão pessoal e acabei não conseguindo postar um texto novo. Minhas energias foram todas gastas em uma readaptação alimentar no desafio de viver sem ingerir nenhum tipo de animal por 3 semanas. 

Esta decisão que não vinha a princípio de uma preocupação com os animais, mas com a minha saúde, vinha me rondando há algum tempo até que recebi deste site: http://desafio21diassemcarne.com/, o desafio a ser seguido e que vinha com emails diários incentivando com argumentos e mais argumentos a favor da causa, dos animais, do meio ambiente, da saúde e da ética na relação com outros seres vivos não racionais, além de exemplos de pessoas que seguiam a dieta vegana, e não apenas a vegetariana, ou seja, não ingeriam nenhum tipo de derivado animal, além de não ingerir sua carne.

Descobri muitas coisas sobre a indústria da carne bovina, do frango e outras aves como os perus, do porco, dos frutos do mar, do leite, dos ovos, sobre impacto que isso traz a vida destes animais que são abatidos ou utilizados até a exaustão e que vivem como escravos num verdadeiro campo de concentração. 

Descobri muito sobre o impacto que esta indústria traz ao meio ambiente, através do metano que os bois liberam no meio ambiente em sua digestão e que causa grande desequilíbrio na camada de ozônio, além do gasto absurdo de água para apenas algumas gramas de carne, sobre a quantidade absurda de dejetos que estas industrias liberam em nosso lençol freático, poluindo as nossas águas. O impacto desta industria é surpreendentemente maior do que o impacto dos meios de transporte como um todo mesmo se pensado somente na emissão de Gás Cabôrnico.

Descobri os benefícios que traz a nossa saúde não ingerirmos o produto deste sofrimento, por conta de hormônios que usam para o crescimento rápido nos animais e antibióticos que são usados em maior escala por eles do que por nós, para que eles suportem permanecer vivos em ambientes imundos sobre seus próprios dejetos, pelo menos até terem o peso ideal para o abate, darem a quantidade ideal de leite, de ovos ou ter a quantidade ideal de filhotes. 

Descobri que através de produtos vegetais somos capazes de ingerir tantas ou mais substâncias necessárias para nutrir o nosso organismo e que há uma cultura do "carnismo" que nos faz acreditar que a carne e os derivados dos animais são única forma de permanecermos saudáveis e nutridos como deveríamos. Sendo que na verdade é absolutamente possível viver sem eles. Descobri um cardápio muito criativo e interessante criado com estes alimentos e que na verdade retiramos apenas um elemento de nosso prato diário podendo abrir o espaço para conhecer diariamente novos acompanhamentos coloridos e deliciosos para o nosso arroz e feijão de cada dia. 

Descobri também que existe ainda hoje uma indústria pesada de couro e peles de animais como raposas, guaxinins, coelhos, ovelhas, além do couro que é um produto final do comércio da carne bovina que ainda é muito lucrativo. 

Descobri que os animais que nós comemos são simpáticos, sensíveis, animados e carinhosos assim como os meus gatinhos ou os cachorrinhos das minhas amigas e que não vivem uma vida digna quando fazem parte da indústria alimentar ou de peles.

Descobri que todos os seres humanos do mundo que passam fome, poderiam ser alimentados com apenas um terço dos grãos que são oferecidos aos animais que alimentam essa industria. E que o cultivo de grãos e de gado no Brasil é a principal causa de desmatamento da Amazônia, que é chamada de pulmão do mundo, não por acaso.

Descobri que as pessoas que trabalham no preparo da carne no Brasil, em especial a carne para exportação, tem uma jornada de trabalho desumana, se aposenta cedo com diversos transtornos de lesão por movimentos repetitivos, além perder membros muitas vezes por desatenção que o estresse da rotina de trabalho lhes impõe, tudo isso por 500 reais por mês. 


Foram 21 dias de estudo, de empenho, de embrulhos diários no estômago a cada descoberta. Foram 21 dias escolhendo um caminho de mudança, que no dia a dia não é muito prático ou simples, mas que com a mudança de olhar, vai se tornando fácil e até se naturalizando, por se tornar inviável compactuar com uma indústria que causa tudo isso ao planeta. 

Eu, que sempre adorei o gosto da carne, passei a pensar se vale a pena, por um "luxo" do meu paladar, fazer a engrenagem rodar desse jeito. E sei que sou só uma e que a engrenagem não vai parar por minha causa, mas... Acho que estou convencida de tentar fazer a minha parte.

Lanço a vocês um desafio mais suave, que tal um dia por semana sem carne, apenas para ver qual a sensação? Essa é a proposta do site: http://www.segundasemcarne.com.br/ e que é apoiada por vários restaurantes não vegetarianos, mas que nas segunda feiras oferecem opções sem carne, pensando no impacto global. 

Não precisa ser na segunda feira, mas, se topar o desafio, faça uma refeição a menos com carne, ponha menos carne no seu próximo prato, ache um nível de redução do consumo que seja confortável para você e durma mais tranquilo, como eu!

Um abraço,
Carol

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