quinta-feira, 23 de julho de 2015

Plataforma TED, ideais e empatia


Olá,  

esta semana, uma amiga querida me mandou alguns de seus vídeos preferidos da plataforma ted.com, que disponibiliza palestras sobre diversos temas. Assisti algumas delas e fiquei encantada com a capacidade que algumas pessoas tem de ver as coisas de forma diferente através de uma experiência pessoal marcante que dá o gatilho para estas reflexões. 

Algumas das falas mais populares que o site indica como "imperdíveis" trazem uma experiência de transgressão ou mudança na forma como lidamos com a aprendizagem, com o trabalho, com a postura na vida adulta e até com a perspectiva da morte. Coisas pelas quais todos nós passamos e que gostaríamos de passar da melhor forma possível. 

A questão é como vemos o que é a melhor forma possível atualmente, ou seja, o que é o sucesso. Sucesso é ser feliz 100% do tempo, ter sempre a palavra final em uma discussão e nunca ter nenhuma dúvida ou frustração nas relações pessoais, no trabalho ou na vida social? 

Não!!! 

Mas é essa a mensagem que passamos em muitas das práticas que temos na vida social, na mídia, nas produções para tv e cinema, mesmo em alguns livros e estudos, em debates intolerantes (online e na vida real) relacionados a religião, valores ou posicionamento político, na medicalização massiva de todo o tipo de alteração de humor (seja ele fonte de sofrimento real ou não).

Nestes videos, ouvi pessoas que descobriram coisas simples, mas dando dicas pontuais e interessantes. Descobriram que a base para uma vida com mais felicidade e saúde é uma busca simples de reconhecermos em nós mesmos a capacidade de amar e sermos amados, porém, sem precisar fazer algo artificialmente para atingir isso. Sendo nós mesmos. 

Isso, que parece tarefa muito fácil e até redundante, dentro de uma lógica social que cria estereótipos de sucesso, de beleza, com modelos e ideais a serem seguidos, vai ficando difícil. Queremos seguir o modelo de sucesso já dado e buscá-lo artificialmente através de cirurgias plásticas, roupas e equipamentos ao invés de tentarmos compreender e nos aproximar de quem realmente somos para sermos felizes do nosso jeito e não do jeito que nos foi vendido.

O problema é que estes modelos não são possíveis de serem seguidos, já que a única forma de sermos felizes é encontrarmos dentro de nós mesmos o que nos encanta, o que nos faz sentido, algo nos ajude a interpretar a vida de forma menos angustiante, de preferencia em relações com as outras pessoas. 

Das dicas básicas que elas dão, algumas são simples e muito práticas de se seguir, tais como: não deixar o corpo parado por muito tempo, se movimentar regularmente, tirar o foco da cabeça pois ela não é a única parte do seu corpo, usar atitudes corporais de auto confiança, mais abertas ao mundo ao invés de se retrair ou se fechar o tempo todo, para que o cérebro possa ir sendo convencido pelo próprio corpo a se sentir de fato mais seguro.

Outras dicas, um pouco mais complicadas por se darem na relação com o outro são: se relacionar mais com as pessoas de quem gostamos, mantendo uma rede de afeto por perto, contextualizar as histórias que ouvimos do outro sem julgar através de conceitos pré-concebidos o que eles tem a dizer, amar sem ter certeza de que vai ser amado de volta, se sentir digno de ser amado e grato pelo que acontece de bom com você, mas também pelo que que o deixa frustrado, pois através dessa experiência, mesmo tristes, poderemos aprender algo sobre nós mesmos e sobre o outro. 

Nada disso é simples. Nada disso é fácil de fazer, pois em geral nos sentimos pequenos, inseguros e com pouco a contribuir. Temos medo de sofrer e de sermos rejeitados. A lição que elas tentam passar é de que é justamente a insegurança que temos, essa vulnerabilidade, que nos permitirá nos entregar às coisas que poderão trazer a satisfação e a felicidade de nos conectar com alguma coisa ou alguém de verdade. E é essa conexão real com os outros (concordemos com eles ou não) que nos dá sentido. 

Por conta disso é que sinto que o essencial em todas essas dicas é ter empatia. Se colocar no lugar do outro, se interessar genuinamente por ele até para podermos conhecer melhor a nós mesmos, seja pela identificação, seja pela antítese disso. É possível se conectar com todas as pessoas e respeitá-las, mesmo discordando de seu ponto de vista, contanto que o outro possa fazer o mesmo por nós. 

Pratiquem!

Um abraço,
Carol

3 comentários:

  1. Sinto falta de me conectar e expressar sem expectativas ou julgamentos de ambos os lados, de ser solidário na palavra e conversar mais, tornar real os diálogos de minha mente, e fazer coisas simples como as que expressa nesse texto. Mas isso é muito difícil pois andamos em ruas geladas e amedrontadas, nos conformamos em ficar na zona de conforto.

    Sou uma pessoa tímida mas a timidez não me define como pessoa, acho que todas as pessoas são muito complexas para serem definidas com palavras ou entendidas, mas o que me fascina é a busca por entendimento pois o caminho é maravilhoso, e não é possível sem compreensão e tolerância.

    As vezes, bem as vazes, saio sozinho e converso com pessoas desconhecidas na rua, é impressionante o quão bem algumas recebem uma boa conversa e o quanto isso melhora o dia delas (e o meu), e também o quão mal outras descartam, ignoram ou ficam desconfiadas.

    Ver, mesmo que a superfície da mente de alguém, é algo fascinante, mas não sou psicólogo nem aspirante a um, nem tão pouco leio muito sobre o assunto. Apenas curioso.

    Alias, adoraria conversar com um psicólogo(a) sobre o tema pois acho que compartilham de minha paixão pela complexidade e diversidade humana, mas não pode ser um monólogo, pois a exposição de mentes tem que ser uma via de mão dupla para ser bem saboreada :-)

    Você escreveu um ótimo texto, escrever não é tão fácil quando as pessoas imaginam, merece um chocolate, pensei em te mandar um pelo correio mas vai derreter, kkk por favor passe em uma loja e compre uma barra de chocolate do que mais gostar de presente e saboreie, vai ser como se tivesse te dado de presente porque implantei a ideia em sua mente :-). Caso esteja curiosa eu mandaria um meio amargo ou alpino ou os dois, pois são os melhores no meu paladar.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Giovanni, realmente o texto serve como um respiro, uma tentativa de reflexão frente a um mundo não tão suave e amigável, mas é a ideia de ampliar essa possível percepção do outro e de si mesmo com mais amabilidade que me motiva, então escrevo, esperando dar voz e reflexões como a sua! Continue sua busca por conhecer a mente humana! Ampliará sem dúvida a sua própria em cada tentativa! Um abraço e muito obrigada pelo extenso e pertinente comentário!

      Excluir

Se estiver buscando psicoterapia, me escreva diretamente no email: torres.carolina@gmail.com.