quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Mini comunidade de rua de mulheres trans

Oi pessoal,

Vim compartilhar hoje um encontro que tive essa semana com parte de uma comunidade de mulheres trans moradoras de rua.

Eu estava na Paulista, saindo de uma farmacia e uma pessoa me pediu atenção, claramente para pedir alguma coisa.

Minha vivência e contato com a realidade dos cuidados de alguns pacientes trans me fez ter uma empatia bem maior do que o comum com pedintes e ao perceber isso ela se abriu bem mais do que o normal, contando não apenas sobre a dificuldade em se alimentar, como sobre seu grupo de moradoras, duas cegas, uma cadeirante e com questões mais graves de audição e comunicação.

Ao me dispor a entrar na farmacia com ela para que ela pudesse comprar itens de higiene pessoal, ela chamou mais duas das moradoras que estavam ao lado na mesma função, de pedir dinheiro pra o grupo almoçar, e entramos em 3 para que pudessem comprar essas coisas.

A pessoas que me abordou, Ágata, se justificava a cada produto e uma das outras, Paloma, me contou um pouco de sua história, uma das quais, um corte, ainda cicatrizando em seu pescoço, fruto de uma facada de um skinhead em que ela teve que levar 26 pontos.

O pânico dela, as mazelas de saúde de Ágata, diabetica e com 2 cânceres, alem de problemas de pele graves e o medo de se contaminar com o virus do probelma de visão das outras duas moradoras me deixaram muito sensibilizada.

Mas o que mais me deixou sensibilizada foi ela me agradecer pelo que a ofereci de material, mas dizer o seguinte: "Olha, mas o que mais dói mesmo é ser ignorada. Você foi a única pessoa que olhou para mim de verdade."

Ela também me disse que fez parte de um documentário que saiu no Festival Mix Brasil do ano passado e que foi a premiere dele no Brasil, mas que sabe que o diretor foi premiado em Berlim e em varios países, mas ela nunca mais teve noticias dele e da equipe. Tambem contou chorando que uma delas que fez o filme morreu de tuberculose e pneumonia por que a prefeitura vem passando constantemente levando o que elas tem pra dormir: barracas, edredons e até papelão, dizendo que não se pode ter nada na rua.

Saí desse encontro muito mexida. Procurei o documentario e achei esse teaser no Youtube.

Falando com a pagina do filme no facebook me deram a data da proxima sessão em São Paulo, pois ele vai participar de uma mostra no Sesc 24 de maio dia 19 de dezembro agora. Vou tentar ir assistir.

Ágata aparece se maquiando de 0:41 a 0:47 segundos. E depois andando na Paulista, sorrindo.

Desejo profundamente que as coisas mudem nesse planeta para que todos tenhamos direito a existir e viver, independente de qualquer diferenca!

Vamos trabalhando nisso em nosso arredor? Conversando com os amigos, dentro e fora da comunidade LGBT? Vamos respeitar as trans e travestis, assim como a todo mundo, por favor, pessoal? Um apelo, por que acredito que todos temos o direito de viver!

Um abraço e bom final de semana!

Carol